sábado, 13 de outubro de 2012

Pesquisa revela que, em cada 100 pessoas, 8,5 estão contaminadas


A s pesquisadoras Lúcia Galvão e Antônia Claudia Jácome, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), ficaram assustadas com os resultados que obtiveram no trabalho de pesquisa de campo que realizaram em 15 municípios da região Oeste do Rio Grande do Norte sobre a doença de Chagas. 

Casas de taipa são os locais escolhidos pelo barbeiro, que também tem hábitos noturnos


Para cada 100 pessoas que se submeteram aos exames de sangue coletados pelos auxiliares das pesquisadoras, 8,5 estavam contaminadas com a doença de Chagas, que não tem cura e que, se não for tratada corretamente, o cidadão morre do coração com infecção intestinal. 

O trabalho começou pelo município de Caraúbas, onde a secretária de Saúde, Juliana Carlos, e a auxiliar Ellane Gurgel perceberam casos de morte súbita de pessoas que aparentemente estavam bem de saúde, sem problemas coronários. No primeiro levantamento, já foram encontradas 70 pessoas. 

Para a segunda rodada de exames, Lúcia Galvão e Claudia Jácome se aliaram ao médico Kléber Mesquita, da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), em Mossoró, para imediatamente iniciar o tratamento nas pessoas com diagnóstico positivo. 

Kléber disse que atualmente já acompanha 185 pessoas com doença de Chagas, sendo que cerca de 60 somente do município de Caraúbas, cujo prefeito Ademar Ferreira da Silva se antecipou e buscou solução, a mais adequada, antes que fosse tarde para salvar a vida dos pacientes. 

Das 700 coletas de sangue feitas nos 15 municípios da região Oeste, incluindo cidades localizadas em regiões de chapada e margens dos rios, assim regiões serranas, as pesquisadoras diagnosticaram 33 pessoas contaminadas com o protozoário transmitido pelo barbeiro. 

Os municípios com maior índice de pessoas com doença de Chagas são Severiano Melo, Felipe Guerra e Apodi, onde a média é de 10,9 pacientes doentes para um universo de 100 pessoas analisadas. Em Caraúbas, a constatação foi de 8,5 para cada 100 pessoas examinadas.
Cidades serranas registram menor incidência da doença

As cidades com a menor incidência de pessoas doentes com doença de Chagas são
Martins e Serrinha dos Pintos, na região serrana. Segundo Kléber Mesquita, essa região não tem clima adequado de multiplicação do barbeiro e existem muitas matas virgens, onde eles podem viver. 

Já na região da chapada do Apodi e cidades próximas, o desmatamento teria feito os barbeiros se aproximarem das residências, especialmente moradias construídas de varas e barro (casa de taipa). 
Também tem registros de pessoas contaminadas que moram em residências de alvenaria.
Colocando os dados na mesa e analisando uma cidade pela outra, o índice de pessoas doentes na região Oeste do Rio Grande do Norte por 100 habitantes é 5,5, mais do que o dobro do que era esperado (2,5, no máximo) pelas pesquisadoras Lúcia Galvão e Claudia Jácome, da UFRN. 

O infectologista Kléber Mesquita, no entanto, destaca que não precisa haver pânico do cidadão com medo de contrair doença de Chagas. Quem mora nas regiões de risco e já apresenta algum sintoma deve procurar o posto de saúde mais próximo, para que o médico solicite o exame.

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