domingo, 14 de julho de 2013

Registros de Aids têm redução de 30,4% na Paraíba

No primeiro semestre deste ano foram 135 casos, contra 195 do mesmo período de 2012.
Os registros de casos de Aids em adultos e crianças residentes na Paraíba apontaram uma queda de 30,4% no primeiro semestre deste ano, em comparação com igual período do ano anterior, já que em 2012 foram confirmados 194 casos e neste ano o número reduziu para 135. Os dados fazem parte de um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES), atualizados no início deste mês. Por outro lado, o número de mortes por causa da doença apresentou um crescimento de 14,2% em relação aos seis primeiros meses do ano passado para o mesmo período de 2013, de acordo com o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) da SES.
aids


Segundo a gerente operacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST)/Aids e Hepatites Virais da SES, Ivoneide Lucena, devido à implantação de testes rápidos na saúde básica (Programa Saúde da Família – PSF) no Estado, o número de casos identificados deveria ter aumento, mas graças ao trabalho de informação e prevenção desenvolvido pela SES ocorreu a redução. “Além dos testes rápidos para detectar a sorologia, focamos na distribuição de material informativo e de preservativos femininos, proporcionando a autonomia da mulher, já que muitas vezes os homens se recusam a usar. A informação e a prevenção são os melhores remédios para a Aids”, ressaltou.
Ivoneide Lucena disse que a gerência em que atua também está com o projeto ‘Saúde na Escola’, voltada para os jovens que estão iniciando a vida sexual, abordando a sexualidade e os meios de prevenção para as doenças sexualmente transmissíveis. “Embora seja uma doença que dá para conviver com ela, o tratamento é para o resto da vida e causa muitos efeitos colaterais, o que faz com que muitos desistam do tratamento, mas isso vai muito de pessoa para pessoa. Então, é preciso saber de todos esses fatores, pois além dos medicamentos, é preciso ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas e ainda repetir os exames a cada três meses”, frisou.
De acordo com a gerente operacional, no Estado existem oito centros de referência para o tratamento da Aids, sendo eles distribuídos em cinco cidades.
“São dois em Campina Grande, três em João Pessoa e um em Santa Rita e em Cabedelo, onde as pessoas após terem a confirmação do HIV reagente são encaminhadas para fazer uma bateria de exames que irá verificar a carga viral, a imunização, entre outros quesitos, para que então comecem o tratamento através do coquetel (medicamentos)”, informou.
“Em João Pessoa, os centros funcionam no Hospital Clementino Fraga, Hospital Universitário Lauro Wanderley e no Centro de Testagem e Aconselhamento no Cais (Centro de Atenção Integral à Saúde) de Jaguaribe. Além disso, estamos ampliando a rede para o município de Sousa ainda este ano. Já contamos com um posto em Cajazeiras e outro em Patos, para que os soropositivos possam ter acesso aos medicamentos, evitando o deslocamento para João Pessoa. Até o final do ano, todos os 223 municípios da Paraíba terão pelo menos um posto de saúde para realizar o teste de sífilis e HIV (vírus da imunodeficiência humana), que sai em apenas 20 minutos. Até o momento somos o 1º lugar entre os Estados na implantação de testes rápidos”, completou.
Preconceito e desinformação
Ivoneide Lucena acrescentou que embora a Aids tenha chegado à Paraíba há mais de 30 anos, o preconceito e a desinformação ainda são grande, já que a maioria da população desconhece as formas de transmissão. “Compartilhar talheres, abraçar e beijar não se pega Aids. A doença só é transmitida através do parto (quando a mãe é soropositiva), aleitamento materno, sexo desprotegido, contato com o sangue e compartilhamento de seringas, no caso de usuários de drogas. E atualmente acabou essa história de grupo de risco, hoje, a Aids já é classificada como situação de risco, onde qualquer pessoa, independente de sexo, raça, classe social ou área de atuação, está passível de adquirir”, asseverou.
Problemas pontuais
Para o presidente da Organização Não Governamental (ONG) Missão Nova Esperança, que há 12 anos atua em João Pessoa, Vítor Buriti, a relação do número de casos identificados com o registro de mortes se justifica por dois problemas pontuais.
“Provavelmente a redução de casos notificados está relacionado ao diagnóstico da doença, principalmente no interior do Estado, onde há dificuldades de acesso ao teste, bem como de deslocamento dessas pessoas que precisam vir a João Pessoa para fazer o tratamento, já que o serviço ainda é muito centralizado aqui. Já os óbitos têm relação com o abandono do tratamento, tanto por parte do cansaço que a rotina de exames acarreta, como pelas interferências que causa na autoestima e no cotidiano, além do preconceito que acabam atrapalhando a vida do soropositivo, que se desestimula e abandona o tratamento, aumentando a probabilidade de agravar o estado de saúde”, pontuou.
Vítor Buriti disse ainda que é preciso investir na estruturação da rede de saúde que possibilite a entrega dos medicamentos (coquetel), acompanhamento médico, consultas e exames de rotina.

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