quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Vacina contra Aids de grupo da USP é a primeira a mirar ‘trechos fixos’ do HIV

HIVBr18 passou por checagens de laboratório com resultados inéditos.
Pesquisa iniciada em 2002 espera verba para teste com macacos.



Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) estão desenvolvendo uma vacina contra o HIV, o vírus da Aids, baseados em um plano só testado no Brasil. De aproximadamente 200 conceitos de imunizantes anti-HIV imaginados ao longo de 25 anos de luta contra a doença, o desenho da HIVBr18 é o único que mira “regiões conservadas” do vírus – trechos que não passam por mutações. Com a identificação desses alvos fixos, o imunizante brasileiro pode chegar a ser mais eficaz do que os quase 30 que passam atualmente pelo crivo dos ensaios clínicos.

O problema, como sempre, é dinheiro para seguir o ritual obrigatório de checagens. Iniciado em 2002, o projeto consumiu R$ 1,2 milhão e agora precisa de US$ 600 mil só para fazer um tira-teima com macacos-resos na Universidade de Wisconsin – não há centros de primatologia no Brasil capacitados para assumir essa etapa. O degrau é pré-requisito para a necessária – e custosa – sequência de ensaios clínicos, os testes humanos propriamente ditos. São três fases, divididas basicamente pelo número de voluntários participantes. Para que se tenha uma ideia, são necessários US$ 50 milhões a US$ 150 milhões para tocar uma fase 3.

“Nenhum conceito de vacina contra a Aids usa as premissas que estamos usando. Ela merece chegar a ensaio clínico”, disse ao G1 o especialista Edecio Cunha-Neto, chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia da USP e da equipe que desenvolve a nova vacina. “Além disso, nós temos a propriedade intelectual da vacina, pois, até o momento, o desenvolvimento foi totalmente realizado em nosso País.” A patente da HIVBr18 foi depositada no Brasil em setembro de 2005, e nos Estados Unidos e na União Europeia em 2007. Etapas do estudo estão sendo apresentadas pelos brasileiros nesta terça-feira (20) e amanhã em Paris, no Congresso Aids Vaccines 2009.

Vírus transformista
O trunfo do HIV é que o vírus é um fujão profissional, um vilão transformista. E ninguém até agora havia conseguido identificar e alvejar seu calcanhar de Aquiles. “As enzimas que replicam o vírus são falhas, então há muitas mutações”, explica Cunha-Neto. “Algumas são prejudiciais para o vírus, mas outras conferem vantagens. Pelos mecanismos de seleção natural, essas últimas vão prevalecendo.”

'A vacina brasileira merece chegar a ensaio clínico', defende o imunologista da USP Edecio Cunha-Neto. (Foto: Daigo Oliva/G1)

Com isso, os cientistas acabavam se deparando com a situação inglória de gastar anos de estudo e muito dinheiro para criar um arsenal que só funciona em um alvo e, na hora H, perceber que o alvo já virou outra coisa, na qual o míssil não faz nem cócegas. Assim, as vacinas já testadas fracassaram porque foram tapeadas pelo agente causador da Aids. Funcionaram em alguns casos, mas simplesmente não foram reconhecidas em outros tantos.

As “velhas estratégias” para lidar com esse pesadelo obedecem a duas premissas clássicas: elas usam proteínas inteiras do HIV e se concentram em gerar linfócitos T do tipo CD8 citotóxico, o pelotão de fuzilamento de células infectadas. Os pesquisadores da USP, sob coordenação de Cunha-Neto, resolveram identificar os trechos permanentes ou "fixos" do HIV por meio de um software – acharam e testaram 18 fragmentos – e embuti-las artificialmente em uma “vacina de DNA”.

Para ler a matéria completa acesse www.g1.com.br ou click no link http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1347658-5603,00-VACINA+CONTRA+AIDS+DE+GRUPO+DA+USP+E+A+PRIMEIRA+A+MIRAR+TRECHOS+FIXOS+DO+HI.html

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